sexta-feira, 9 de março de 2007

Escrevem-nos: António Vasco Salgado

Recebemos de António Vasco Salgado este texto que muito agradecemos e publicamos já:

Crónica sobre a água suja do capitalismo ou a droga americana com cocaína, mais conhecida por coca-cola. Tem qualquer utilidade culinária?
Toda a gente sabe o que é, poucas pessoas sabem que foi inventada por um coronel americano, de nome John Puberton, ainda menos que foi utilizada em jogos politícos no decorrer do século XX.
O nosso António de Oliveira Salazar proíbiu a sua comercilaização em Portugal Continental, segundo se dizia na altura porque estava repleta de cocaína, embora na realidade e segundo parece, porque estava mais interessado em chatear o dandy americano, John F Kennedy, que tinha dado apoio aos movimentos de libertação nas ex-colónias portuguesas. Daqui apenas resultou longas excurssões a Espanha, já agora aproveitando para comprar os célebres caramelos Solanso. Tanto quanto se saiba não houve qualquer vaga de fundo anti-americana.
Simultâneamente e sem que houvesse, tanto quanto seja do conhecimento público, qualquer combinação entre ambos, o também nosso Alvaro Barreinhas Cunhal, positivamente destruíu esta marvilha do mundo ocidental, utilizando o léxico soviético de então, designando-a como a água suja do capitalismo.
Infelizmente não é possível, hoje em dia saber, se António e Álvaro efectivamente alguma vez efectivamente pecaram ao consumir Coca-Cola. Os arquivos de Santa Comba são omissos sobre esta questão e os do PCP descanssam em paz, tranquilamente em Moscovo.
Voltando á questão, tem a coca-cola qualquer utilização culinária? A pergunta surgiu-me há alguns anos atrás quando li o livro os segredos do el Bulli, isto é quando o el Bulli ainda não era o el Bulli e o Féran, porque afinal somos todos intímos, descorria sobre uma receita a propósito da utilização dos rebuçados Fissherman numa sopa de beringelas e iogurte.
Tem sim senhor, entre outras aproveite a água suja do capitalismo, para fazer uma mistura com farinha, envolva rodelas de maçã e leve a fritar, fazendo um beignet au pomme verdaeiramente incaracterístico do ponto de vista político, mas com alguma graça gastronómica, sobretudo se no fim polvilhar com algum açucar glacé e canela em pó. Tenho a certeza absoluta que quer o António Oliveira como o Álvaro Barreirinhas iriam gostar.