quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Escrevem-nos: novamente a Filó.

Recebemos nova mensagem da nossa amiga muito querida Maria Filomena Mendes de Ataíde que, daqui em diante para simplificar (veja-se abaixo) designaremos apenas por Filó, nome pelo qual toda a gente sempre a conheceu. Intimou-nos, pelo telefone, a publica-la. Portanto, aqui está:

Vamos a isto!
Primeiro aprendam a escrever o meu nome. Mendes é o senhor Jorginho, da farmácia aqui ao lado. Mendez, com z, somos nós, uma família que saiu de Portugal no século XVI e que já deu ao Mundo grandes investigadores e banqueiros. Os Saffra e os Rotchild são nossos primos. Ataíde é o simpático jovem que trata dos nossos seguros. Os Athayde, com h e y, foram exploradores célebres, Capitães nas caravelas dos nossos Reis, três chegaram a Vice-Reis da Índia mesmo. Esses somos nós. Sou eu! Até parece que não sabiam isto. Coitadinhos.
Devem estar muito contentes com as tristes figuras que têm andado a fazer. Muito contentes com o referendo, com o vosso recadinho para a Leonor Xavier. Pensar que essa inconsciente andou no mesmo colégio que eu, esteve connosco no Brasil, no Rio de Janeiro, onde nos víamos tanto durante os anos negros do 25 de Abril, que foi várias vezes a pé a Fátima com o meu grupo. E agora tem a lata de aparecer na televisão a defender o “sim”. Que descaramento. Dela e vosso. Se têm essas ideias completamente inaceitáveis, imorais e doentias que as guardem para vocês em vez de andarem por aí a fazerem-se de importantes. Como se alguém vos fosse ligar.
Podiam ao menos também ter tido um gesto com a Ana Pestana, que ainda por cima é tão vossa amiga e prima da Teresa. Uma rapariga completamente devotada e que tanto se empenhou na defesa da causa certa, lá em Portalegre! Ainda mais porque tenho andado tão preocupada com ela. Já viram o que ela está a fumar? Meu Deus! Ou então com qualquer das minhas amigas que tanto se sacrificaram. Ou a própria Isilda. Exemplo fantástico para todas nós.
E no meio desta tragédia vocês fazem todos esses disparates e ficam muito contentes, muito sonsinhos. Eu bem os entendo. Não pensem que sou parva e me conseguem enganar. É por causa de gente como vocês que tudo isto chegou ao estado em que está. Ai Doutor Salazar, Doutor Salazar. Que pena não poder estar aqui e pôr todos estes desgraçados na ordem.
Mas esta história ainda não acabou. Viram o tremor de terra na segunda-feira? É assim que fala o Senhor Todo Poderoso. Ele só pode estar irado com este povo. Povo que no passado foi tão glorioso e levou aos quatro cantos do universo a Cruz de Cristo. E agora isto. Votam sim. Que vergonha! Que castigo imenso dará o Céu à imoralidade, ao desleixo, dos portugueses? Mas nós, juro-vos por tudo, não vamos de deixar esta história ficar por aqui. É uma questão demasiadamente importante para se poder aceitar a derrota assim logo à primeira. Até porque fomos nós que ganhamos. Não tenham dúvidas, meus lindos. É mais que certo que os que não votaram eram a favor do não. Disso estou eu segura.
Tinha muito mais coisas para vos falar mas a Xana está para aqui a bufar e a querer pôr nos ouvidos aquela coisa que parece um isqueiro com fios e que ela agora usa permanentemente para fingir que não me ouve.Hoje estou realmente possessa, fula com vocês. Nem vos mando um beijinho.




Tio – a mulher, se já era histérica agora enlouqueceu vez. Um desatino nesta de me ditar coisas. Como se eu tivesse voltado para as Escravas e tivesse de fazer ditados. Depois tem sido um corrupio nesta casa. As amigas ainda são piores do que a Mãe. Agora só falam no desagravo. Ir a Fátima a pé ou qualquer cena do género. Estou a pensar que se isto continua ainda me mudo para casa do Gonçalo. Quando lhe falei não me pareceu muito contente mas se isto continuar um manicómio tem mesmo de ser. O tio podia dar-lhe uma palavrinha. Beijos da Xana