quarta-feira, 2 de maio de 2007

O nosso Inquérito: Marta Esquível.

Nome: Marta Esquível , aliás “Maria Lúcifer” ou “SqueeveWonderfull”.
Cozinha muito frequentemente? Hoje em dia não.
Quando começou a cozinhar? Foi em 1980; em Londres; em casa de Harold Pinter.
Seguiu algum curso? Só ultimamente frequentei um curso.
Há alguém que considere seu mestre? O meu Cozinheiro Jaime que conheço desde que nasci.
Livros de cozinha favoritos? Hummm. Habitualmente não leio. De qualquer forma sempre que posso passo os olhos por receitas, mas não me servem de nada. Faço tudo a olho.
Qual é o prato que mais gosta de cozinhar? Caril .
O que cozinha mais frequentemente? Caril.
Costuma aproveitar os restos de um prato que cozinhou e com eles fazer um novo prato? Tenho desde Burros, Cavalos e Cães. Tudo se aproveita. Não sobra nada.
O que é que tem sempre na sua dispensa (inclui frigorífico e freezer)? Condimentos. Neste momento trazidos de Marrocos. Muitas latas de anchovas.
Tem um utensílio que considere “pessoal” ou “favorito”? Facas. Adoro facas.
Costuma consultar sites da internet dedicados a temas culinários? Não.
Quais são as suas lojas favoritas para produtos alimentares e equipamento de cozinha? Antigamente era a mercearia do Sr. António ( Lapa ); agora é nos meus vizinhos agricultores que tenho os meus fornecedores favoritos.
Prato favorito? Fui educada a gostar de tudo; salvo mioleira, enguias e sarda.
E petisco? Cadelinhas.
Prato português favorito? Não tenho favoritos. Como de tudo quando como. Quando como, como tudo.
Restaurante favorito? É complicado responder porque há vários factores que me impedem de eleger um. Para mim, para além da qualidade gastronómica, o factor Humano é o mais importante.


Experiência gastronómica inesquecível: Com Merryl Streep em casa de Harold Pinter, onde mandei servir como entrada uma Sopa Alentejana, com coentros frescos ( pensem só, em Londres… em 1980 ) que arranjei em Portobelo Road. Merryl Streep com grande sorriso primaveril rasgou o almoço com a expressão: What an exquisit flavour… mal sabia ela que era a sopa dos pobres uns anos antes em Portugal.
A última vez que jantou fora, em que restaurante foi? Bica do Sapato. Divertidíssimo. Foi no aniversário do António Verdial, e, para meu grande espanto depois de tantos anos longe de Lisboa, o Zé Miranda veio dar-me um beijo.
Ódio (culinário, é óbvio) de estimação: Fazer doces.
Conselhos ou normas de sabedoria? Duas gotas de limão.
Há alguma pergunta que gostaria que lhe fizéssemos? Vai investir em mais lojas como a sua em Portugal? Não. A Sha é única. E quem a conhece nas Amoreiras, sabe do que estou a falar. Investir em Portugal jamais.
Uma das suas receitas favoritas:

Caril de Galinha à Moçambicana

Faz-se um refogado; cebola, alho, azeite, tomate e pimento.
Metem-se as especiarias; quatro cabeças de cravinho, três paus de canela; raspas de noz moscada.
Mete-se a galinha já cortada aos pedaços. Junte um molho de coentros que retira no final.
Deixa-se refogar por cinco minutos.
À parte, depois de um litro de leite fervido, adicione ao leite coco ralado e deixe descansar. Depois de retirar o leite do coco adicione a uma pequena parte duas a três colheres de sopa de pó de Caril. Junte o resto do leite a esta mistura e adicione à galinha.
Tempere com sal a gosto.
Agora o meu grande segredo, que jurei ao Jaime nunca dizer, … hummm…por isso não digo.
Adicione duas malaguetas se quiser vingar do seu convidado.No caso de não ser das Áfricas, Indias, Ásias e Américas …do Sul.
Deixe cozinhar.
O Arroz que vai servir de acompanhamento dever ser basmati ou agulha, aproveitando parte do coco que sobrou para a cozedura. Coloque no final da cozedura um molhe de coentros picados.
Acompanhe com chutney e pepino com yogurte ( sobrenatural ).

Uma receita de “restos”:



Se não tiver cães das ex-colonias pode fazer umas empadinhas.
Na foto: Marta com Miguel Sá Fernandes.