Um espírito de observação agudo, aumentado ainda pelo conhecimento profundo e em primeira mão da matéria sobre que escreve, uma ironia mordaz, o gosto de chocar e a coragem de exprimir as suas opiniões sem medo de qualquer crítica. O sentido do cómico e do grotesco mas também do que é bom e belo. Ódios cultivados com a mesmo carinho que as maiores amizades. E sobretudo a capacidade de cativar a atenção do leitor da primeira à última linha dos seus escritos. Estas qualidades, que fizeram de Anthony Bourdain uma super estrela desde a publicação de “Kitchen Confidential”, revelam-se de novo plenamente no livro de crónicas publicado o ano passado sob o título “The Nasty Bits”. Analisando com o mesmo espírito tanto o que é eterno como o puramente actual no mundo da restauração, dos Star Chefs e da sua mediatização, é uma leitura que fascina e extremamente estimulante. Fel destilado mas também a capacidade de comover e entusiasmar. Se muitas das crónicas fazem rir, para mim a favorita será sem dúvida “A commencement address nobody asked for”. Explica aí o que é ser um Chef, sem rodeios, sem ilusões e com um imenso orgulho. Quem não ler perde realmente qualquer coisa, muito mesmo. Quem não ler o resto também perde: uma janela escancarada sobre um mundo de que aqui só nos chegam, como diria?: os sons e as sombras.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
O Foodie aplicado: "The Nasty Bits", de Anthony Bourdain.
Publicada por
Teresa Cota Dias, Manuel Murteira Martins e José Vilela
à(s)
quinta-feira, abril 05, 2007
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Anthony Bourdain,
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